Propostas aceitas - XXI Congresso ABPI

TÍTULO DO SIMPÓSIO:

Observando o léxico: os fazeres lexicográficos, fraseológicos, terminológicos, pedagógicos, literários e tradutológicos tangenciados ou permeados pela tecnologia

PROPOSTAS ACEITAS (comunicações orais / pôster)

Marcas de uso e Tradução Sensível: dicionários como ferramentas culturais

Fábio Henrique de Carvalho Bertonha - UNESP/IBILCE
Claudia Zavaglia - UNESP/IBILCE

Dicionários são ferramentas cruciais para tradutores, funcionando como pontes entre línguas e culturas ao transpor significados. A inclusão, em verbetes, de itens lexicais contextualizados é essencial, pois revela o uso autêntico das palavras, indo além da simples definição. A variação linguística exige que as definições de dicionário incorporem marcas de uso — como registro, grau de hodiernidade, restrição geográfica, pejoratividade, entre outras — que sinalizam nuances pragmáticas e o efeito de sentido de um vocábulo em contextos reais (Hausmann, 1977 apud Welker, 2004). Essas etiquetas na microestrutura de dicionários realçam a riqueza contextual e a funcionalidade de unidades lexicais em situações comunicativas específicas, auxiliando o tradutor na compreensão precisa do significado a ser empregado. Esta pesquisa investigou a marcação em unidades lexicográficas e seus correspondentes em dicionários bilíngues e monolíngues on-line brasileiros e italianos. Com base em estudos de Fajardo (1997), Strehler (1998) e Garriga Escribano (2003), foram analisados oito pares de verbetes relacionados a grupos minorizados — como "baleia/balena", "gordo/grasso", "macaco/scimmia", "anão/nano", "vadio/vagabondo", "vadia/vagabonda", "veado/finocchio" e "velho/vecchio" — para identificar a presença ou ausência de marcas de uso. As unidades com marcas foram então contrastadas, analisando suas contextualizações e correspondentes tradutórios. A análise preliminar apontou uma inconsistência metodológica na aplicação das marcas de uso nos dicionários. A falta de um padrão claro na escolha das etiquetas pode gerar controvérsias e ambiguidades nos significados, dependendo da obra consultada. A escolha desses lemas, que se referem a grupos minorizados nas sociedades brasileira e italiana, torna a decisão tradutória ainda mais sensível.

PALAVRAS-CHAVE: Lexicografia. Marcas de uso. Processo tradutório. Grupos minorizados.

REFERÊNCIAS:

FAJARDO, A. Las marcas lexicográficas: concepto y aplicación práctica en la Lexicografía española. Revista de Lexicografía. v. 111, p. 31-57, 1997.

GARRIGA ESCRIBANO, C. Marcas. In: GUERRA, A. M. M. (coord.). Lexicografía española. España: Editorial Ariel, S.A., 2003, p. 115-119.

STREHLER, R. G. Marcas de uso nos dicionários. In: OLIVEIRA, A. M. P.; ISQUERDO, A. N. (org.). As ciências do léxico: Lexicologia, Lexicografia, Terminologia. 2. ed. v. 1. Campo Grande: Ed. UFMS, p. 171-180, 1998.

WELKER, H. A. Marcas de uso. In: WELKER, H. A. Dicionários: uma pequena introdução à lexicografia. 2. ed. rev. e ampl. Brasília: Thesaurus, p. 130-149, 2004.