TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Interfaces da interculturalidade no ensino de italiano: materiais, pesquisas e novas perspectivas
Alessandra H. B. Fukumoto - Doutora/UFMG
Ao nos propormos a uma docência crítica e à formação de cidadãs críticas e ativas, de qual criticidade e de qual cidadania estamos falando? Muitas de nós fomos formadas escutando apenas um grupo de vozes e aprendendo história como algo linear e “evolutivo”, com apenas um caminho a ser percorrido. Ao propor o olhar crítico, quanto desse olhar voltamos para nós mesmas e para nossas constituições e posicionamentos e quanto estamos dispostas a nos questionar e nos reposicionar? A compreensão das colonialidades que nos constituem é fundamental para que possamos começar a propor um ensino crítico. Compreendo, como Oliveira e Candau (2010), que o diálogo entre uma pedagogia decolonial e a interculturalidade crítica, ao requerer que pensemos além dos padrões dominantes, abre caminhos para novos saberes, outras racionalidades, outros modos de estar no mundo. Como docentes de uma língua outra, temos a oportunidade de trabalhar com um espaço em que deslocamentos e questionamentos das posições de sujeito que assumimos podem nos possibilitar novas maneiras de nos posicionar. Esses novos posicionamentos nos permitem, inclusive, rever e repensar posições antes assumidas. Assim como Edleise Mendes (2022), acredito que ensinar e aprender língua a partir de uma educação linguística intercultural, se concentre no conviver e interagir, com conhecimento construído de forma coletiva, em colaboração. Concordo com Moita Lopes (2006) quando diz que nosso papel, na Linguística Aplicada, é o de nos situarmos nas “fronteiras onde diferentes áreas de investigação se encontram”, afinal, como podemos nos propor a discutir língua(gem) e sociedade sem termos ciência de como nossa sociedade se constitui e como somos constituídas pelas histórias que circulam nela? A aula de língua italiana pode ser uma grande aliada nas lutas antirracistas a partir de uma perspectiva decolonial, e é sobre essa possibilidade que pretendo discorrer neste trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Decolonialidade, Formação Docente, Educação Antirracista, Língua Italiana, Educação Linguística
REFERÊNCIAS:
MENDES, Edleise. Educação linguística intercultural. In: MATOS, Doris Cristina V. da S.;
LANDULFO, Cristiane Maria C. L. (org.). Suleando conceitos e linguagens: decolonialidades e epistemologias outras. Campinas: Pontes Editores, 2022.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, Luiz Paulo da (org.). Por uma linguística aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU, Vera Maria Ferrão. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. In: Educação em Revista, v. 26, n. 01, p. 14-40, abril 2010.