TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Plurilinguismo e invenção linguística: a literatura italiana de Dante até os nossos dias
Rúbia Nara de Souza - Doutora/UFSC
Recentes pesquisas no campo dos escritores plurilíngues apontam para a importância da existência de duas ou mais línguas na criação literária do escritor (ANOKHINA E SCIARRINO, 2018). É o caso de João Guimarães Rosa, para quem o conhecimento de outros sistemas linguísticos auxiliava na descoberta e na renovação da sua própria língua, o português. Ainda que a obra seja considerada um marco da consolidação de uma língua, de uma nação, a elevação da obra como monolíngue, o estudo detalhado dos arquivos e dos documentos que fazem parte do processo da escrita pode revelar a interferência de mais de uma língua na composição. Nesta proposta de comunicação, pretendo fazer uma revisão da importância da língua francesa na obra de Giuseppe Ungaretti (1888-1970), poeta italiano, renomado pelo seu trabalho minucioso na língua e na tradição da poesia italiana. Desde o começo de sua carreira, na década de 1920, onde a língua francesa chegou a concorrer a par e passo com a língua italiana até meados dos anos 1950, a implicação da língua e da cultura francesa em Ungaretti, ainda que polêmica, foi essencial. O uso do francês como língua de criação e estímulo literário é inegável quando lemos seus poemas “escritos diretamente em francês” (1936) e autotraduzidos (1925 e 1927); mas não só, pois sabe-se que quando esteve no Brasil para lecionar italiano, sua produção poética se concentrou bastante na tradução de Leopardi em francês, na composição de alguns poemas, como Monologhetto, onde o poeta busca inspiração na tradução dos poemas de Rimbaud. Além disso, enquanto esteve no Brasil e após sua estadia, o uso da língua francesa se encontra documentado e arquivado na correspondência com poetas e intelectuais brasileiros. Diante deste panorama linguístico, esta comunicação deseja refletir sobre os fatores e as circunstâncias que levaram o poeta a fazer o uso intermediário da língua francesa tanto na sua composição literária (VEGLIANTE,1985), quanto na sua prática cotidiana e universitária no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Plurilinguismo, francofilia, Guiseppe Ungaretti.
REFERÊNCIAS:
Jean-Charles Vegliante (1987)
Isabel Violante Picon (1998)
Giuseppe Sansone (1991)
Carlo Ossola e Giulia Radin (2009)
Michaël Oustinoff (2001)