EVENTOS

ENTRAD 2022 - Encontro de tradutores

O ENTRAD 20222, que reúne o XIV Encontro Nacional de Tradutores e VIII Encontro Internacional de Tradutores, será organizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Tradução – ABRAPT em parceria com o Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no período de 28 de novembro e 2 de dezembro de 2022. O evento terá como tema “Do Sul para o mundo: pensando a tradução no contexto pós-pandemia”.

O ENTRAD 2022 é um evento promovido pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM TRADUÇÃO, com abrangência de público nacional e internacional, incluindo docentes, pesquisadores/as, profissionais liberais, pós-graduandos/as, graduandos/as e demais interessados nas áreas de Tradução e Interpretação.

O evento, que ocorre trienalmente, é uma oportunidade concreta para o surgimento de projetos integrados de ensino e pesquisa, envolvendo docentes de várias universidades brasileiras e propiciando um espaço de intercâmbio e conhecimento entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

No ENTRAD 2022, serão contempladas 10 grandes áreas temáticas que abrangem os Estudos da Tradução e Interpretação. (Confira as áreas temáticas em:  https://www.ufrgs.br/abrapt-entrad/simposios/ ).

Convidamos a comunidade acadêmica a apresentar seus trabalhos e a fomentar o debate sobre os papéis da tradução e de seus agentes em contextos emergentes de inovação e de novidade.

 

Dentre os simpósios, haverá um coordenado pelas associadas da ABPI Aline Fogaça e Elena Santi. Confira os detalhes abaixo:

SIMPÓSIO 4.3: Paciência, escuta e desejo: reflexões sobre tradução literária entre Brasil e Itália

Coordenação: Aline Fogaça dos Santos Reis e Silva (UFRGS) e Elena Santi (UFJF)

E-mails: alinefogacareis@gmail.com e es.elenasanti@gmail.com 

Línguas do simpósio: Português e Italiano

Resumo: No percurso da tradução literária, é possível deparar-se com diferentes ponderações de escritores sobre o ato de traduzir. Italo Calvino (2015) afirma ser a tradução a melhor e mais profunda maneira de se ler um texto, pois, nesse processo, o tradutor dá ouvidos à obra de modo atento e meticuloso. Já para o poeta Fabio Pusterla (2012), as características de um bom tradutor são paciência, amor e desespero. A essas, Prisca Agustoni (apud BELLEI, 2021) acrescenta a escuta, reiterando a visão de Calvino, e pensa num desespero-desejo de ir ao encontro do outro, pois esse trabalho, movido pelo desejo do encontro, necessariamente precisa lidar com os limites das palavras, a impossibilidade de dizer, os desvios que o caminho da tradução apresenta. Tal perspectiva também pode ser vista na alegoria do vaso quebrado do célebre ensaio “A tarefa do tradutor” (1923), de Walter Benjamin, a respeito do valor e da importância das perdas e das estranhezas envolvidas na tradução. Neste aspecto, a obra traduzida alcança o status de meta texto, variável no tempo e no espaço (BASSNETT, 2005, p. 134), em que o tradutor estabelece o seu modus operandi ao percorrer “a sua tensão-extensão originária e real – não somente o pensamento do autor, mas […] o pensamento da obra, o pensamento interno e orgânico da obra em si” (RABONI, 2015, p. 99, tradução nossa). Nesse sentido, a tradução se configura como um momento de abertura e disposição ao diálogo, uma escuta primorosa da obra e de suas reverberações, ao mesmo tempo que abre um espaço para a reflexão sobre o gesto tradutório, suas implicações, seus desdobramentos. A tradução é vista, portanto, no seu fazer-se, no seu processo, na contínua busca pela voz do outro nas palavras da língua de chegada. A partir dessa breve reflexão e da pluralidade que o gesto tradutório pode implicar, o presente simpósio pretende abranger comunicações que abordam tanto a tradução de literatura italiana traduzida no Brasil quanto a tradução de literatura brasileira traduzida na Itália. Com base na literatura traduzida e suas reverberações no sistema cultural de chegada, este simpósio se justifica como uma oportunidade de corroborar as trocas e o conhecimento sobre as pesquisas desenvolvidas no âmbito da Italianística no Brasil, sob as mais variadas bases teóricas dos estudos de tradução, conjugando discentes e estudantes de diferentes regiões do território nacional.

Referências: 

BASSNETT, Susan. Estudos de tradução. Tradução de Sônia Terezinha Gehring, Leticia Vasconcellos Abreu e Paula Azambuja Rossato Antinolfi. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005.

BELLEI, Julia. “Épocas, cosmogonias, perfeições precárias: os deslizamentos da obra de Fabio Pusterla em Argéman: antologia poética”, v. 2, n. 11, nov. 2021.  Disponível em:  https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/230108.

BENJAMIN, Walter. A tarefa do tradutor. In: BENJAMIN, Walter. Escritos sobre mito e linguagem (1915-1921). Organização de Jeanne Marie Gagnebin. Tradução de Susana Kampff Lages e Ernani Chaves. São Paulo: Editora 34, p. 101-119. 

CALVINO, Italo. Furtos com arte (conversa com Tullio Pericoli). In: CALVINO, Italo. Mundo escrito e mundo não escrito: artigos, conferências e entrevistas. Tradução Maurício Santana Dias. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 65-78.

RABONI, Giovanni. La conversione perpetua. Dodici anni con Proust. In: RABONI, Giovanni. La conversione perpetua e altri scritti su Marcel Proust. Organização de Giulia Raboni. Parma: Monte Università Parma Editore, 2015.

PUSTERLA, Fabio. Quando Chiasso era in Irlanda. Bellinzona: Edizioni Casagrande s.a., 2012.

Palavras-chave: tradução literária; literatura italiana traduzida; escuta.

Site: https://www.ufrgs.br/abrapt-entrad/
Organizador(a/es/as): ABRAPT
Local do Evento: UFRGS
Data Início: 09/06/2022
Data Fim: 09/06/2022