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Simpósio: CONEXÕES E DESENCONTROS: ARQUIVOS DA TRADUÇÃO LITERÁRIA - ABRALIC 2023

ABRALIC 2023 - SIMPÓSIO: CONEXÕES E DESENCONTROS: ARQUIVOS DA TRADUÇÃO LITERÁRIA

EIXO: EIXO 8 - TRADUÇÃO COMO ARTE DO (DES)ENCONTRO

SIMPÓSIO: CONEXÕES E DESENCONTROS: ARQUIVOS DA TRADUÇÃO LITERÁRIA

COORDENADORES:
- Cláudia Tavares Alves (Universidade Federal de Juiz de Fora)
- Elena Santi (Universidade Federal de Juiz de Fora)
- Patricia Peterle (Universidade Federal de Santa Catarina)

RESUMO: O simpósio Conexões e desencontros: arquivos da tradução literária quer propor um espaço em que crítica literária e tradução passam a ser dois elementos para pensar a confluência e o contato entre línguas e sistemas culturais. Nesse contexto dá-se uma relevância ao trânsito, à busca, à procura de um espaço de encontro com o outro, visibilizando a diversidade e as zonas desconfortáveis e pantanosas que afloram quando se pensa em relações linguísticas e culturais. Pretende-se, portanto, promover o estabelecimento de relações desconhecidas e criar novas conexões, por meio daquele substrato subterrâneo que, como as raízes das plantas, conecta, alimenta, e faz com que os frutos já existentes sobrevivam e permitam o nascimento e o crescimento de outros. A tradução é vista, aqui, não tanto como produto - ou seja, como texto traduzido em si - mas como processo, com todas as suas marcas e sombras, que implicam a experiência do outro e passagens porosas entre línguas, (des)velando possibilidades por vir: “O que a tradução deve nos fazer sentir e experimentar de imediato, por meio da discordância das redes terminológicas e sintáticas, é a força e a inteligência da diferença das línguas” (B. Cassin, Elogio da tradução: complicar o universal, 2022 p. 13). E seguindo, com Cassin, podemos afirmar: “São necessárias duas línguas para falar uma e saber que o que falamos é uma língua, porque são necessárias duas línguas para traduzir” (p. 12). Um exemplo interessante do que a experiência da tradução pode provocar nos é oferecido por Sylvia Molloy em seu livro, Viver entre línguas, quando descreve a situação de uma turma de alunos nova iorquinos em contato com a poesia, em edição bilíngue, de Borges: [...] As coisas mudaram quando passamos da prosa de Borges para sua poesia. Explico: à diferença da edição inglesa dos contos, resolutamente monolíngue, o volume da poesia completa era bilíngue: o original em espanhol à esquerda, a versão inglesa à direita. A ideia de que existisse um “original” - apesar deles não o compreenderem, apesar de terem lido tantos contos de Borges onde a própria ideia de originalidade parecia inútil - estranhamente os confortou. [...] sentiam (uso o verbo deliberadamente, porque eles evidentemente sabiam que não era assim) que deveria ser o contrário, que o texto da esquerda em espanhol devia ser a tradução do texto da direita em inglês, aquele que tinham lido primeiro. O alívio inicial que haviam experimentado diante da ideia de um original tingiu-se de desconfiança, desassossego. (2018, p. 56) Esse sentimento de desconfiança, de desassossego que, por vezes, se experimenta diante do texto traduzido, no fim das contas, não é outra coisa se não a insegurança que pode acompanhar o encontro com algo desconhecido, sedutor e perturbador ao mesmo tempo. E é interessante pensar o que esse desconhecido, esse outro representa, quando estamos no campo do literário, espaço aberto para o encontro com a alteridade, e o que se produz, por meio da tradução, do contato entre tradições literárias. Muitos autores, pensadores, críticos, linguistas, estudiosos de ensino de língua se debruçaram sobre esse gesto tão plural e complexo, que envolve uma série de elementos outros, que vão muito além de uma simples transferência. A articulação proposta, então, não parte mais de um universal, mas da diferença que nos impõem as singularidades, pois há sempre mais de uma língua numa língua, sendo a variedade e a diversidade os elementos desafiadores, exigidos e necessários no contato com o outro. Tal contato passa pelo espanto, pela surpresa, pela diferença consigo mesmo e pelo acolhimento de algo que não deixa de ser estrangeiro. O objetivo geral do simpósio é focar, com base em mapeamentos, estudos de caso, levantamento de dados, nas zonas e nos nós desconfortáveis presentes nas relações linguísticas e culturais, que se concretizam por meio das traduções e sua circulação num determinado sistema literário. Ainda mais especificamente, propõe-se problematizar processos de deformações, domesticações, correspondências, transferências semânticas, catacrésicas ou metafóricas; enfim, tudo o que coloca em discussão um saber local e a visão do outro por meio de práticas e ações culturais. É nesse sentido que o fato linguístico pode envolver consciente ou menos conscientemente processos de política cultural e de questões identitárias e subjetivas. A ideia, finalmente, é (des)traduzir agora esses “vórtices-literários” que constituem a malha da literatura traduzida.

PALAVRAS-CHAVE: Tradução Literária; (Des)traduzir; Sistemas Culturais; Diversidade; Processos.

INSCRIÇÕES: https://www.abralic.org.br/inscricao/comunicacao/. Prazo para inscrição com apresentação de comunicação ou poster 08/01/2023. 

Site: https://www.abralic.org.br/
E-mail contato: contatoabralic@gmail.com
Local do Evento: Salvador - BA
Data Início: 10/07/2023
Data Fim: 14/07/2023