Propostas aceitas - XIX Congresso ABPI (outubro 2021)

TÍTULO DO SIMPÓSIO:

Trânsitos e traduções pela literatura e cultura italianas

PROPONENTES:

Erica Aparecida Salatini Maffia (UFBA) - ericasalatini@gmail.com

Lucia Wataghin (USP) - luciawataghin@gmail.com

Patricia Peterle (UFSC) - patriciapeterle@gmail.com

PROPOSTAS ACEITAS (comunicações orais / pôster)

CAMINHOS QUE SE ABREM: O GESTO TRADUTÓRIO EM “O CANTO DE ULISSES”

Helena Bressan Carminati (doutoranda UFSC)

“Hoje é Primo quem vai comigo buscar a sopa” (LEVI, 1988, p. 163). A frase, aparentemente simples, simboliza o convite para uma troca pouco possível. O espaço concentracionário, onde a linguagem sofre aquilo que, sabiamente, o escritor italiano Primo Levi (1919-1987) define como “eclipse da palavra”, abre-se nesse momento, mais especificamente no capítulo “O canto de Ulisses” de É isto um homem?, para uma outra possibilidade. A palavra que pouco a pouco vai perdendo vida encontra no diálogo entre os dois personagens, Primo Levi e Pikolo, um reencontro com suas subjetividades e não só. É pensando nesse capítulo, e sobretudo, no gesto tradutório como um ato de amorosidade, que esta proposta de comunicação se inscreve. Nesse sentido, enquanto encontro, a tradução será parte de movimentos que não necessariamente precisam ser binários, isto é, uma cisão entre um dentro e um fora, entre o eu e o outro. De fato, em Tradução como cultura, Gayatri Spivak se refere à tradução como um ato não apenas de leitura íntima, mas também como ato amoroso, de entrega e solidariedade. É a escuta de Pikolo que torna possível o ato tradutório de Levi que recita os versos da Divina Comédia. E se “Nenhuma fala é fala enquanto não é ouvida” (SPIVAK, 2015, p. 58), pretende-se pensar de que forma a tradução acontece em “O canto de Ulisses” e quais caminhos ela torna possíveis dentro de um espaço tão cerceado quanto o Campo.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura italiana, Tradução, Primo Levi, “O canto de Ulisses”.

REFERÊNCIAS:

LEVI, Primo. É isto um homem? Tradução de Luigi del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Tradução como cultura. Tradução de Eliana Ávila e Liane

Schneider. Ilha do desterro, Florianópolis, n. 48, p. 41-64, jan./jun. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3wIhtkt . Acesso em: junho 2021.