"Pensieri e percorsi con Dante: nuovi usi e visioni nel mondo contemporaneo"
MESA REDONDA/TAVOLA ROTONDA
modera Gesualdo Maffia
28/10 10h-12h
Paola Ureni
Dante e la medicina medievale, fra etica e politica
La presenza del sapere medico nell'opera di Dante non si esaurisce nei riferimenti più espliciti, né il suo significato in una semplice addizione alle conoscenze filosofiche e scientifiche del poeta. La scienza medica concorre alla comprensione di concetti fondamentali del pensiero e dunque della scrittura del poeta, secondo legami e corrispondenze con le altre forme del sapere medievale. Questo intervento esamina quindi la medicina in relazione a altri aspetti del dibattito intellettuale del tempo – come il pensiero politico – connessi e partecipi della creazione poetica dantesca. La nozione scientifica di hegemonikón – l'organo egemone che domina e regola la dimensione plurale dell'essere umano e che Aristotele identificava col cuore e Galeno col cervello – stimola rispondenze con l'idea dantesca del monarca quale guida politica necessaria all'attualizzazione dell'intelletto possibile, dunque alla felicità della universitas hominum. Parallelamente, un principio armonico informa la nozione medica di complessione equilibrata e il pensiero politico di Dante, con particolare riferimento alla Monarchia, attraverso l'idea di concordia. L'armonia sottesa alla nozione di complessione, inoltre, si estende oltre la dimensione fisica sul filo della corrispondenza con l'idea di equilibrio che presiede alla scelta etica, dove la sfera sensitiva (dunque le passioni) interagisce con la misura razionale: intersezioni fra etica e medicina emergono in dialogo col pensiero platonico e con quello aristotelico. In tal senso un nodo di relazioni include l'aspetto fisico, etico e intellettuale dell'individuo, e apre nuove prospettive di lettura dell'opera dantesca.
Paola Ureni è professore associato di letteratura italiana medievale alla City University of New York (The College of Staten Island e The Graduate Center). Ha ricevuto il suo Ph.D. in Italian Studies alla New York University. I suoi principali campi di interesse sono Dante, la medicina e la filosofia medievali. Le sue pubblicazioni esplorano le relazioni fra Dante, scienza medica e teologia, e sta al momento lavorando su un libro dal titolo provvisorio Dante and Medieval Medicine: A Possible Galenic Presence. I suoi più recenti contributi includono "Dal cuore al cervello, le oscillazioni dell'ἡγεμονικόν (hegemonikón) in Dante", in "Italian Quarterly", Fall 2019.
Doris Cavallari
Para onde nos conduz a viagem de Dante?
A Itália e sua língua nacional devem muito ao ato revolucionário de um poeta que se atreveu a romper as barreiras do mundo conhecido e adentrar, em primeira pessoa, nos mistérios da outra vida, aquele "al di là" esperado, desconhecido e temido, partindo da tradição (Virgilio) para chegar à "vida nova", onde a matéria se faz luz. Em sua jornada, o poeta peregrino passa pelo Inferno, onde antigas criaturas monstruosas e ferozes punem as paixões e as ilusões de soberba, posse, avidez; pelo Purgatório, o mundo do meio que é também meio de libertação das ilusões, reino em que a melancolia se irmana à esperança; ao final dele, o poeta alcança o Paraíso terrestre, pois seu arbítrio é "libero, dritto e sano" e lhe permite ascender ao Paraíso, o reino em que o "ben dell'intelletto" e a contemplação conjungem-se à crescente lucidez, em que a comunhão com o divino se torna real. Ao final de sua busca o "ser com Deus" faz com que o desejo humano seja preenchido de divindade ("il mio disio e il velle, / sì come rota ch'igualmente è mossa, / l'Amor che move il sole e l'altre stelle"). Ao chegar ao "ponto final", Dante parece esclarecer as dúvidas e temores dos homens de seu tempo, sigilando finalmente as portas do mundo antigo e suas formas de representação, para abrir as portas do Humanismo, o tempo do indivíduo em diálogo constante com sua obra e seu leitor.
Doris Nátia Cavallari é professora permanente sênior junto ao Programa de Língua, Literatura e Cultura Italianas. Livre-docente pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde realizou Bacharelado em Letras, Português-Italiano e também seu Mestrado. É doutora em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000). Realizou pós-doutorado junto à Università degli Studi G. D'Annunzio Chieti-Pescara. Seus estudos acadêmicos concentram-se especialmente na obra de Ignazio Silone. A professora é também estudiosa dos seguintes autores: Nicola Chiaromonte (ensaísta), Dante Alighieri, G. Boccaccio, L. Pulci, M.M. Boiardo e Ludovico Ariosto.
Yuri Brunello
Sul Dante di Pasolini
Nel corso della sua attività di scrittore, Pasolini ha sempre guardato a Dante come a un modello di illimitata creatività. Dante, per Pasolini, costituisce un poeta da cui attingere su differenti piani: quello linguistico, quello filosofico e quello stilistico. In un primo tempo, per Pasolini l'esempio di Dante è fondamentale, perché si propone come un paradigma da riscattare in virtù delle sue potenzialità espressive. In una fase più tarda della propria riflessione sulla letteratura Pasolini guarda a Dante come ad un autore profetico e teso a esaltare nella letteratura il valore di "verità". Pasolini resta affascinato dalla ricchezza della "lettera" della Divina Commedia, anche perché non gli sfugge lo spessore popolare della visione dantesca, la cui ricchezza non manca di ispirare a Pasolini un'identificazione tra il mondo di Dante e la realtà dell'Italia degli anni Sessanta e Settanta. Invenzioni linguistiche, densità filosofica e realismo si intrecciano tanto in Dante quanto in Pasolini. Vedremo in che modo quest'ultimo sia appropria, nei suoi testi letterari, di diverse soluzioni dantesche. Analizzeremo sia il modo in cui Pasolini richiama la Divina Commedia nei suoi poemi, nei suoi racconti e nei suoi romanzi sia la maniera in cui Pasolini interpreta, da critico letterario, i testi danteschi.
Yuri Brunello insegna Letteratura italiana all'Universidade Federal do Ceará ed è docente permanente del Programa de Pós-Graduação em Letras della stessa università. Ha studiato Literary Criticism alla Notre Dame University ed è stato visiting scholar alla Stanford University. Attualmente i suoi campi di interesse sono lo studio di Dante, la letteratura barocca latino-americana e la teoria letteraria. È autore del libro Nelson Rodrigues pirandelliano (2016). È stato collaboratore del Dizionario gramsciano (Roma, Carocci, 2009), codirige la rivista "Entrelaces".
Andrea Lombardi
Por uma poética da transgressão: uma leitura de Dante
A base da literatura italiana é formada indiscutivelmente pela obra de Dante. Entretanto, é impossível falar dessa obra sem tratar de suas inovações poéticas e das de seus contemporâneos. Pois Dante influencia e permeia a obra dos escritores de seu tempo e a dos escritores imediatamente posteriores a ele, sobretudo a de Petrarca e Boccaccio. Além disso, é problemático, anacrônico, por assim dizer, considerar Dante como escritor italiano: Estaria essa identidade italiana ligada à fundação do estado nacional italiano, em 1860, ou seria esse elemento distintivo italiano algo historicamente mais amplo, um legado cultural que remontaria ao império romano? Por outras vias não seria essa identidade italiana, em sentido lato, uma expressão política ou resultado da expansão da economia precapitalista, graças ao grande desenvolvimento da produção manufatureira, a qual permitiu uma enorme expansão mundial da economia e da cultura europeias? Todas as alternativas são válidas. Cada perspectiva de leitura da obra de Dante é possível. Assim, considerá-lo um escritor florentino, como Maquiavel – dois séculos depois – viria a fazer, num texto polêmico, pode ajudar a explicitar alguns aspectos da contribuição dantesca, sua poética singular, suas escolhas linguísticas e a língua em que escolheu escrever – uma poética que pode ser definida como fundamentalmente transgressiva. Ora, Dante sentiu a necessidade de transgredir as regras da língua e da cultura de seu tempo para afirmar sua própria visão da tradição literária e cultural. A heresia dantesca não consistiu sobretudo em condenar um papa ao Inferno, mas em considerar possível usar vocabulário chulo num texto repleto de neologismos.
Andrea Lombardi: nasceu na Itália e formou-se em Música no conservatório San Pietro a Maiella de Nápoles (1968) e em Letras na Universidade de Roma "La Sapienza" (1975). Foi leitor do Ministério das Relações Exteriores da Itália em Porto Alegre (junto à UFRGS -1983-85) e em São Paulo (FFLCH-USP – 1989-1990), onde atuou como professor de Língua e Literatura Italiana até 2005. Desde 2005, é docente de Língua e Literatura italiana na UFRJ. Entre suas publicações, destacam-se a organização e o posfácio de Pedra e luz na poesia de Dante (Rio de Janeiro, Imago, 1996), o artigo "Il diavolo in corpo. Una lettura del Decameron di Giovanni Boccaccio." Alea, 14 (2), 2012 e, mais recentemente, a organização, tradução e notas da antologia Traduzione, transcriazione. Saggi di Haroldo de Campos, em colaboração com Gaetano D´Itria (Salerno, Oedipus, FBN, 2016).